8 de janeiro de 2014

0

BLOODY MARY







    O campo do cigano.
    Superior que a má fama que o lugar trazia consigo talvez apenas sua beleza.
    Ninguém ousava passar por aquele lugar magnifico. De conhecimento público eram as estórias que cercavam aquele lugar.
    “A maldição do campo do cigano”. Pelo menos algumas milhares de versões que cada habitante de South Lakeland District contava de forma diferente a cada visitante. A única unanimidade era que o lugar era amaldiçoado e lá ninguém arriscava colocar os pés.
    Havia apenas um menino, uma criança que regularmente brincava por lá. Era como o senhor daquelas terras, dominante supremo. Era assim que ele se sentia. Tinha todo aquele lugar apenas para ele.   
    Naquele dia, porém esse mesmo menininho olhava surpreso, pois uma criaturinha da metade de seu tamanho estava lá, em suas terras, sorrindo e cantarolando enquanto recolhia algumas flores para terminar a coroa que estava construindo.
    - EI! - berrou com autoridade o menino emburrado.
    - Oui - atendeu com voz doce a pequena.
    Tão impactante era a beleza da pequenina dama das flores, que o autoritário senhor das terras precisou de alguns segundos para voltar a si.
    - Você não deveria estar aqui! Não sabe que esse lugar é amaldiçoado? O que faz aqui menina?
    - Ce qui compte pour vous, monsieur? Restez en dehors de ma vie.
    - Eu não falo francês, não entendo o que diz.
    - Eu disse: “O que importa para você, senhor? Fique fora da minha vida.”
    - Mas que desaforada! Quantos anos tem pirralha?
    - Tenho 5 anos. E sou uma Lady, tenha mais respeito!
    - Você é só uma menininha no lugar errado. – disse sustentando sua autoridade – Bem, eu tenho 8  e você deve me obedecer. Este lugar é meu! Eu o amaldiçoei para que ninguém mais aqui pisasse.
    A menina caiu na gargalhada deixando as flores caírem.
    - Como ousa rir de mim?
SarahAge5-1 by you.
    - Eu não acredito em maldições menino emburrado. Não acredito que possa haver algo ruim no meio de tanta beleza.
    - Menina arrogante! Então nunca ouviu sobre o diamante Hope e a nobre condessa Swan?
    - Pra mim não passa de uma estória escrita por algum escritor... não, por algum falador decadente.
    - Quanta arrogância... Como se chama?
  
 A menina sorriu. Depois fez uma expressão séria e levantou o rosto.

    - Sou Florence. Dama das flores e de todo o campo do cigano!
    - O que? Esse lugar é meu, meu! Sua pirralha irritante.
    - Não me chame de pirralha seu mal educado! Aposto que não teve um pai para dar educação!
  
    O menino recebeu aquelas palavras como facas.
    A menina desconhecia a verdade nas palavras que proferiu.
    Num ímpeto, ele a empurrou.
    As flores se espalharam em nuvem.
    Ela levantou-se, a personificação da raiva - Dégoûtant!
    O chutou no joelho fazendo-o cair.
    Com dificuldade levantou-se, e voltou a cair, o joelho estava realmente machucada, a pequena dama tinha pés de aço no mínimo.
    Mais uma tentativa de ficar de pé, mas Florence agarrou sua camisa e o devolveu ao chão, que para o azar do menino mandão já estavam à altura de um pequeno morro, saiu rolando... outra vez levantou com raiva, mas por causa do maldito joelho foi ao chão outra vez e só parou de rolar ao cair no lago.
   Desesperada, petit Florence percebeu que ele não conseguia se manter na água pelo joelho - Dieu! Je suis trop jeune pour être un tueur – num mergulho elegante, ela o ajudou a sair do lago.
   O jovem repousava em seu colo, ainda com a respiração acelerada. Então ao se olharem caíram na risada.
   Por horas conversaram sobre os assuntos diversos, em uma tarde ensolarada, o que é raro na Inglaterra – Até agora não disse meu nome – disse o garoto ainda no colo dela – Me chamo Jack.
    - Bonjour jeune Jack. Não se preocupe, eu também não disse o meu – divertiu-se a menina.
    Jack a olhou.
    - Não me chamo Florence.
    – Mentiu pra mim?
    A menina olhava distraída para o nada.
    - Sou Beatrice Frances – ela se levantou e se espreguiçou, deu alguns passos e voltou a olhar para Jack no chão. – Mas não para você. Você me chamará pelo que sou; Marilyn Monroe. E eu o chamarei também pelo que é; meu James Dean devagar.
   
    Jack - agora James – sorriu.
    Marilyn voltou ao chão e repousou a cabeça de James em seu colo.
    Ele gostava da loucura dela.

    E também se sentia muito bem no colo da amiga.


Nenhum comentário:

Postar um comentário