O campo do cigano.
Superior que a má fama que o lugar trazia consigo
talvez apenas sua beleza.
Ninguém ousava passar por aquele lugar magnifico.
De conhecimento público eram as estórias que cercavam aquele lugar.
“A maldição do campo do cigano”. Pelo menos
algumas milhares de versões que cada habitante de South Lakeland District
contava de forma diferente a cada visitante. A única unanimidade era que o
lugar era amaldiçoado e lá ninguém arriscava colocar os pés.
Havia apenas um menino, uma criança que
regularmente brincava por lá. Era como o senhor daquelas terras, dominante
supremo. Era assim que ele se sentia. Tinha todo aquele lugar apenas para ele.
Naquele dia, porém esse mesmo menininho
olhava surpreso, pois uma criaturinha da metade de seu tamanho estava lá, em
suas terras, sorrindo e cantarolando enquanto recolhia algumas flores para
terminar a coroa que estava construindo.
- EI! - berrou com autoridade o menino emburrado.
Tão impactante era a beleza da pequenina
dama das flores, que o autoritário senhor das terras precisou de alguns
segundos para voltar a si.
- Você não deveria estar aqui! Não sabe que
esse lugar é amaldiçoado? O que faz aqui menina?
- Ce qui compte pour vous, monsieur? Restez
en dehors de ma vie.
- Eu não falo francês, não entendo o que
diz.
- Eu disse: “O que importa para você,
senhor? Fique fora da minha vida.”
- Mas que desaforada! Quantos anos tem
pirralha?
- Tenho 5 anos. E sou uma Lady, tenha mais
respeito!
- Você é só uma menininha no lugar errado. –
disse sustentando sua autoridade – Bem, eu tenho 8 e você deve me obedecer. Este lugar é meu! Eu
o amaldiçoei para que ninguém mais aqui pisasse.
A menina caiu na gargalhada deixando as
flores caírem.
- Como ousa rir de mim?
- Eu não acredito em maldições menino
emburrado. Não acredito que possa haver algo ruim no meio de tanta beleza.
- Menina arrogante! Então nunca ouviu sobre
o diamante Hope e a nobre condessa Swan?
- Pra mim não passa de uma estória escrita
por algum escritor... não, por algum falador decadente.
- Quanta arrogância... Como se chama?
A menina sorriu. Depois fez uma expressão
séria e levantou o rosto.
- Sou Florence. Dama das flores e de todo o
campo do cigano!
- O que? Esse lugar é meu, meu! Sua pirralha
irritante.
- Não me chame de pirralha seu mal educado!
Aposto que não teve um pai para dar educação!
O menino recebeu aquelas palavras como facas.
A menina desconhecia a verdade nas palavras
que proferiu.
Num ímpeto, ele a empurrou.
As flores se espalharam em nuvem.
Ela levantou-se, a personificação da raiva - Dégoûtant!
O chutou no joelho fazendo-o cair.
Com dificuldade levantou-se, e voltou a
cair, o joelho estava realmente machucada, a pequena dama tinha pés de aço no
mínimo.
Mais uma tentativa de ficar de pé, mas
Florence agarrou sua camisa e o devolveu ao chão, que para o azar do menino
mandão já estavam à altura de um pequeno morro, saiu rolando... outra vez
levantou com raiva, mas por causa do maldito joelho foi ao chão outra vez e só
parou de rolar ao cair no lago.
Desesperada, petit Florence percebeu que ele
não conseguia se manter na água pelo joelho - Dieu! Je suis trop jeune pour
être un tueur – num mergulho elegante, ela o ajudou a sair do lago.
O jovem repousava em seu colo, ainda com a
respiração acelerada. Então ao se olharem caíram na risada.
Por horas conversaram sobre os assuntos
diversos, em uma tarde ensolarada, o que é raro na Inglaterra – Até agora não
disse meu nome – disse o garoto ainda no colo dela – Me chamo Jack.
- Bonjour jeune Jack. Não se preocupe, eu
também não disse o meu – divertiu-se a menina.
Jack a olhou.
- Não
me chamo Florence.
–
Mentiu pra mim?
A menina olhava distraída para o nada.
- Sou Beatrice Frances – ela se levantou e
se espreguiçou, deu alguns passos e voltou a olhar para Jack no chão. – Mas não
para você. Você me chamará pelo que sou; Marilyn Monroe. E eu o chamarei também
pelo que é; meu James Dean devagar.
Marilyn voltou ao chão e repousou a cabeça
de James em seu colo.
Ele gostava da loucura dela.
E também se sentia muito bem no colo da
amiga.
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