19 de novembro de 2014

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LOST

LOST

Eu lembro quando eu era criança, eu tinha muita segurança sobre o meu futuro, eu ia ser médico.

Minha mãe queria que eu fosse médico. Ela nunca me obrigou nem nada. Acho que eu queria medicina por osmose.

Eu dava sinais de que nunca cursaria medicina, mas não os via. Quando a professora pedia redação e estipulava um número de linhas, eu escrevia – com muito esforço, letra garrafal e com um belo espaçamento entre as palavras – exatamente o número de linhas exigidas.

Odiava escrever...

 Mas eu acho graça de que quando tinha 10 anos e algum amigo dizia que não faria faculdade, instantaneamente inflamava-se uma indignação mental, “COMO ASSIM? TEM que fazer!!” Isso aconteceu até meus 18 anos.

Eu era um bom aluno enquanto primário. A partir da 5° serie, lá em 2003, isso mudou. Eu entrei numa escola grande – terem ideia haviam 3 turmas de 5° serie – a 1501,1502 e 1503 – embora eu gostasse de um colégio assim, eu não me dei muito bem com os outros seres humanos. Em resumo bullying e complexos pessoais, tudo isso refletia-se no meu boletim em uma hemorragia de fazer inveja a qualquer banco de sangue.

As coisas melhoraram em 2006, melhoraram para a minha vida social... comecei a ter uma. Também desenvolvi uma característica que seria fundamental para muitos dos meus problemas num futuro próximo; eu simplesmente não consigo estudar se não tivesse interesse pelo objeto de estudo, meu cérebro se fecha. É algo bem interessante, porque em contrapartida, quando me interesso, fico obcecado, viro madrugadas, semanas, até satisfazer minha necessidade de informação.

Também foi em 2007 - janeiro pra ser mais preciso – quando descobri algo essencial pra minha vida: 

Marijuana.









Não, brincadeira, foi música.

Estava na casa de um colega na região dos lagos quando ele me apareceu com um “HIP-HOP VIDEO TRASH” a partir daquele momento eu consumi, me alimentei, cheirei, fumei, fodi, comprei, vivi música e não mais parei (Estou com meus fones no ouvindo enquanto escrevo isso (Aproposito, estou na rua, as pessoas me olham estranho)).

Mais uma última coisa sobre 2007, decidi que seria promotor público. Essa decisão manteve-se imaculada até 2009, quando voltei a pensar em ser médico, dessa vez por vontade própria, mas era só porque eu estava viciado em [H]ouse MD.

Bem aí consegui um belo problema, eu estava no fim do 2° ano do 2° grau, faltava pouco para terminar o colégio.

Na verdade eu estava com alguns problemas, mas não enxergava-os. Quando eu tinha 15 anos, em 2007 (é, 2007 de novo) tinha uma parada que me incomodava muito; quando eu saia como pessoal, tinha que escolher: Cinema ou comer, os dois não dava. E nenhum de nós tinha muita grana, então geralmente não fazíamos nenhum dos dois, ficávamos atrás de mulher no shopping e íamos comer um açaí na barraca em frente o shopping que era mais barato (e bom pra caralho). O que me emputece, é que nunca fiz nada pra mudar isso, não fiz um curso, nada. Nada que me ajudasse no futuro, eu apenas pensava “Um dia isso vai mudar”.

Então em dezembro de 2009, eu fiz 18 anos.
Foi uma merda.
A vida me socou na cara e disse: “Ei, surpresa! Eu existo filho da puta!”.

Eu não me importei. Eu não me importo com nada, isso é algo bem complicado sobre mim. Acho engraçado que algumas pessoas invejem isso, as vezes isso me ajuda bastante, mas na maioria me fode muito.

2010 foi um ano incrível! O melhor desde 2007. Pessoas muito legais passaram por mim. A Carol, com quem acabei namorando (Por muito tempo o melhor oral de todos (só perdeu o título semana passada)). A Stephanie, que foi uma das garotas mais legais que já conheci, mas era cuzão demais pra tentar algo com ela (embora eu MUITO quisesse).
Também teve a 13. E a Anita... que alongariam muito esse texto se delas eu fosse falar.

Como eu estava fazendo supletivo, terminaria o colégio em julho. Devido a minha negligencia e desapego com os estudos, meus pais disseram que não pagariam minha faculdade, e que eu deveria me virar. Foi a melhor coisa que poderiam ter feito por mim e todos os pais deveriam fazer o mesmo.

Na minha última noite (supletivo) no colégio, assim que eu saí do prédio... caralho... a sensação. Liberdade! Eu sorria para as pessoas na rua, eu cantei na rua, escrevi textos de liberdade nas redes sociais... Agora era dormir e no dia seguinte, acordar e pensar na vida.

Eu, eterno procrastinador, fiz isso 1 mês depois (e não cheguei a conclusão alguma).

Aí comecei a me perder.

Minha vida estava ótima, mas não percebi a bomba relógio.
Eu tinha problemas com o exercito, e por falta do certificado de reservista, eu não podia trabalhar.

Bom, ainda em julho eu – embora não fizesse ideia do que faria de faculdade – e da ficha não-pagaremos-sua-faculdade-se-vira não ter caído ainda, tinha estipulado duas coisas:

1 – Não faria vestibular.
Eu queria pagar uma faculdade.

2 – Não queria trabalhar enquanto estivesse estudando (Isso com complica um pouco a estipulação n°1).

Foi aí que o Felipe Neto fez seu vídeo falando sobre Crepúsculo e BOOMMMMMMM. Os vlog agora eram moda, todos queriam seus 15 min de fama estendidos. Vlogs apareceram por todos os lados, e blogs voltaram a moda, aquilo tudo era muito cool, vloggers eram os VJ’s dos anos 10 do sec. XXI.
Eu também queria. Percebi que isso tudo era muito lucrativo, eu não queria fama, eu queria fazer faculdade e não ter que trabalhar em algum lugar pra isso, eu poderia viver do que saísse da minha cabeça. Nessa época eu também descobri que amava escrever. E fui juntando tudo.
Mas eu não tinha ideia do que fazer no youtube. Aí escrevi uma serie, cheguei a ensaiar o piloto com um pessoal, mas era as pessoas erradas e não pude levar isso pra frente. Comecei um blog.

Quando começou 2011, eu fui me afundando mais dia após dia. Estava preso pelo lance do exercito e só no meio do ano resolvi isso. Passei boa parte desse ano com o computador quebrado, então não podia continuar colocando minha esperança no blog, nem num possível projeto para o youtube. Apenas no fim de 2011 consegui um emprego, fui temporário de fim de ano na Renner (Jesus, como eu detestava aquilo). Quase ao mesmo tempo eu consegui um certo dinheiro, eu tinha direito pela venda de um imóvel de família. Pra um garoto de 19 anos que nunca tinha tido mais do que 500 reais, minha conta bancária me fazia sorrir só de pensar nela.

Quando meu tempo na Renner acabou (dezembro) decidi tirar um tempo pra mim. Eu estava muito mal, tinha passado por muita coisa, 2011 tinha sido o pior ano da minha vida. Eu precisava descansar. Enquanto isso eu pensava no curso da faculdade e no que faria com o dinheiro. Só que eu sou profissional na arte de me foder, e eu perdi todo o dinheiro (não vou entrar em detalhes). Era Janeiro de 2012 e eu tinha apenas 11 centavos na minha conta (ela não me fazia sorrir agora).

Num período de 3 meses eu tinha ido do inferno ao paraíso e caído de volta ao inferno. Em julho consegui voltar pra Renner, agora como contratado.
(Cristo... COMO EU ODIAVA AQUILO!) Um dia cheguei e decidi “Chega! Preciso mudar tudo”. Eu queria mudar tudo de maneira rápida, a única coisa que encontrei foi começar um canal no youtube na marra. Levei 2 semanas até achar o que eu podia fazer. Então pensei em falar sobre o que me irritava, o que mais me irritava era trabalhar no shopping, já trabalhava lá havia quatro meses. Fiz um roteiro, escrevi tudo o que me irritava lá, dos clientes aos chefes. Gravei o vídeo, editei, postei.




1 views.

2 views.

5 views (3 eram meus).

Eu atualizava a página toda hora. Na minha cabeça, aquilo iria explodir e no dia seguinte iria entrar na Renner e pedir demissão de maneira nada menos do que LEGEN...
espere...
...DÁRIA! LEGENDÁRIA!
O dia acabou e eu tinha uns 20 views.
É... parece que não seria assim fácil.
1 semana depois postei outro vídeo, o 1° estava com uns 60 views.
Quando gravei o 5° vídeo (que nunca cheguei a postar) fui dormir, editaria no dia seguinte, eu tinha uns 100 inscritos nessa época. Quando cheguei no trabalho no dia seguinte, meu vídeo já estava popular por lá, todos os funcionários tinham visto. Até os que não gostavam de mim me davam um singelo sorrisinho de aprovação.
Todos gostaram.
Todos viram.
O gerente viu.
Ele não gostou tanto...

Fui demitido antes do meio dia.

De lá pra cá, investi no canal, fiz bicos, fiz coisas que não gosto e ainda as faço, porque meus amigos, até fazermos o que queremos e “chegarmos lá” a estrada é longa e humilhação acaba fazendo parte.

Verdade é: Estou perdidinho, fodidinho.
Finalmente conseguindo traçar um caminho, mas estou velho e perdi 4 anos (4 ANOS) da minha vida. Não quero que isso aqui pareça um texto (e que texto enorme, puta merda) de auto ajuda, mas não percam tempo, não fiquem pensando “Sou jovem, tenho muito tempo”, não, não tem!
Enfim...







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